Artigo: Quatro lições para praticar uma liderança centrada em pessoas

Aliesh Costa*, CEO da Carpediem

A capacidade de um gestor de desempenhar uma liderança mais alinhada com a humanização, olhando para seu time com genuíno interesse, empatia e solidariedade é, sim, capaz de transformar o mundo em um lugar melhor. Segundo recente pesquisa da Gartner, consultoria global de aconselhamento de empresas, 82% dos entrevistados disseram ser importante que seus empregadores os vissem como pessoas, e não apenas como trabalhadores.

A proximidade com cada um da equipe se torna, assim, fundamental. Afinal, o RH só produz um impacto real quando conhecemos as pessoas. Com base neste conceito, segue algumas reflexões para lhes ajudar a exercer uma liderança humanizada:

Cultive a coragem – Como seres humanos somos programados para nos agarrar em certezas, evitando sensações de perigo e insegurança. Mas é preciso superar essa barreira emocional para sair da zona de conforto. Essa conduta vai fortalecer nosso caráter, moldado pela  coragem –  palavra que vem do latim coraticum e significa viver com o coração. Remete a uma moral forte, a princípios, a solidez e força interior. E é importante mencionar que a liderança humanizada condiz com um agudo senso de justiça e imparcialidade. Assim, a franqueza virá naturalmente para o líder, que terá facilidade para fornecer informações para a equipe de modo gentil e direto, enxergando, ao mesmo tempo, a perspectiva dos colaboradores. Para lhe inspirar, assista ao filme Soul, animação da Disney e Pixar lançado em 2020, que mostra a trajetória do professor Joe Gardner, que leciona música para alunos do ensino médio, mas sonha com a carreira de pianista de jazz. A trama nos faz pensar sobre as crenças cristalizadas que, muitas vezes, turvam a nossa visão. É sobre desconstruir nossas convicções para experimentarmos novos pontos de vista. Este é um dos caminhos mais interessantes para tornar o universo corporativo mais humano e inovador,  impulsionando equipes inteiras. 

Combata a perfeição – Nada de achar que líderes são figuras onipotentes, que sempre têm todas as respostas, sem jamais voltar atrás ou mudar de ideia. Um gestor com esta mentalidade acaba construindo muros ao seu redor, isolando-se de sua equipe e colegas. Portanto, a melhor estratégia é assumir que deve existir uma margem de erro para seus atos. Aliás, demonstrar fraqueza não nos faz menores como líderes. Nesse ponto, indico fortemente “O poder da vulnerabilidade”, palestra da professora e pesquisadora norte-americana Brené Brown, que já foi assistida por mais de 61 milhões de pessoas desde 2010 e está disponível no canal do TEDx. Nela, você verá que aceitar com compaixão e empatia nossas imperfeições e vulnerabilidades nos torna líderes melhores e abre caminho para exercitar a criatividade e a adaptabilidade. Fazendo isso, você e seu time se tornarão a melhor equipe possível.

Conecte-se com propósitos -Quando apoiamos as pessoas na busca de seus ideais estaremos construindo pontes e ligações genuínas. Pesquisa recente da McKinsey mostra que os colaboradores têm cinco vezes mais chances de ficarem motivados para trabalhar em uma empresa que dedica tempo refletindo sobre seu impacto no mundo. Ou seja, sedimentar uma relação direta entre o propósito pessoal com o corporativo é hoje um dos papéis mais importantes de um líder. É o que Hubert Joly, ex- CEO da Best Buy, chama de ‘mágica humana’, em seu livro “O Coração do Negócio” (Ed. Sextante), cuja leitura eu recomendo. Ele mostra como colocar as pessoas no centro do seu negócio, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de cada indivíduo, com generosidade e respeito. Esse será o ponto de partida para construirmos uma organização sólida e próspera, com cultura organizacional forte.

Domine o seu ego – Você já deve ter observado uma pessoa assumir um cargo de chefia e imediatamente ficar com ego inflado. Essa atitude encurta a visão sobre os fatos e induz à tomada das piores decisões. A verdade é que o nosso ego nos move em direção à autopreservação, mas não nos desafia para um processo de evolução. Lembre-se que a autoaceitação só é possível quando nos despimos de toda a vaidade que carregamos. Uma liderança centrada em pessoas é aquela que admite, inclusive publicamente, que estava errada. Portanto, vale a pena estar aberto e, às vezes, abrir mão do planejado, o que dará margem para compreender, por exemplo,  como alguém da equipe está se sentindo naquele momento. Ouvir, aliás, deve ser uma prioridade diária dos líderes. Neste tocante, uma ótima sugestão de leitura é “O livro do Ego – liberte-se da ilusão” (Ed. Best Seller), de Osho. Nele, o autor compartilha ensinamentos sobre a libertação da prisão representada pelo ego. Uma leitura imprescindível para todos que desejam se aprimorar em busca da liderança humanizada.

* CEO da Carpediem

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