Por Rodrigo Benetti*
A gestão de uma empresa varejista é repleta de demandas e, como é de conhecimento das marcas, só é possível crescer em estrutura, agregando profissionais e tecnologia, conforme a rede também cresce. Por isso, aproveitar o conhecimento de todos os membros da equipe, de forma que um complemente o outro, é a maneira mais eficiente para que nenhuma área fique descoberta.
Quando temos, então, uma estrutura societária que envolve profissionais de gerações diferentes, que viveram histórias diversas e passaram por momentos econômicos, políticos e sociais que agregaram experiência, contatos e metodologias de trabalho, podemos dizer que a franqueadora ganha um corpo diretivo capaz não só de realizar o trabalho necessário para uma boa gestão – mas também de mentorar equipes, prestar suporte, planejar e inovar.
Atualmente, vivo essa realidade. Aos 42 anos, divido com meu pai e outro sócio, ambos com mais de 20 anos de experiência profissional cada, a responsabilidade de gerir uma franqueadora na área de lojas de conveniência gourmet para condomínios e empresas. Percebo que nossas aptidões são complementares e, apesar da diferença geracional, temos muitos pontos em comum.
Começando pelo meu pai, Dejair Benetti, minhas lembranças de atuar ao lado dele são inúmeras e começam há muito tempo. Ele é um empreendedor nato, tem negócios próprios desde a época das videolocadoras, anos e anos atrás. Desde então, eu estou ali com ele, mesmo que não fosse nada profissional. Lembro de quando chegava da escola e o ajudava em alguma função. Construímos, então, uma relação de respeito e uma troca muito importante para que hoje a gente saiba tocar nosso negócio em harmonia. E, mesmo que eu tenha minhas lembranças de infância, nossa parceria profissional também já perdura há um tempo considerável, são 20 anos juntos na administração dos negócios. E tudo isso colaborou demais para que conseguíssemos afinar nossa sintonia.
Quando me formei em Economia, tive aquela vontade de ir para uma grande empresa e foi o que eu fiz. Mas, assim que surgiu a oportunidade de empreender, e mais do que isso, trabalhar com meu pai, eu não pensei duas vezes. Estando ao lado dele nos negócios desde que eu era criança, eu já o conhecia, sabia o método e o perfil dele, então a vida já vinha me preparando para sermos sócios. Eu me pergunto como alguém não consegue trabalhar em família, porque para nós isso dá muito certo.
No empreendimento, nós contamos ainda com a experiência do Antônio Barbosa, que trabalhou em áreas como aviação e varejo, tão distintas que lhe abriu uma visão mercadológica ampla. Então, construímos estratégias e inovamos com os pés no chão, dentro de planejamentos muito bem alicerçados no que dá certo.
Claro que também levo minha própria bagagem para o negócio, já que sou formado em Economia (pela FACAMP) e pós-graduado em Administração e Marketing (ambas pela FGV) e trabalhei em uma multinacional de auditoria, onde cresci em um curto espaço de tempo em uma área exclusiva da empresa. É assim que nós três conseguimos nos unir para fazer dar certo, sempre um compreendendo o outro e respeitando cada ideia ou decisão.
O encontro de gerações proporciona três vantagens principais, na minha visão e experiência:
Aproveitar as aptidões de cada um – Eu e meus sócios vivemos épocas e situações diferentes. Eles têm lembranças da economia instável, com mudança de moeda, inflação galopante, investimentos variáveis e situações políticas e sociais que nos servem de reflexão para tomadas de decisão. Também trazem contatos conquistados ao longo de suas trajetórias profissionais que são importantes para que nossa empresa se conecte a outras. Falando especificamente de meu pai, ele tem uma expertise absurda em nossa área de atuação e muito conhecimento de mercado – mas não lida bem com as tecnologias. Então, a gente consegue se complementar e eu acho que isso é uma dica fundamental: conhecer bem o seu sócio, entender o que as diferenças que as gerações podem trazer e buscar agregar conhecimentos. Então, da mesma forma que ele me ajuda muito, eu busco compensar e isso é uma grande vantagem nessa parceria.
Experiência – É inegável que por mais que eu já esteja há um tempo no mercado, meus sócios possuem um feeling que eu ainda estou aprimorando. O conhecimento e a expertise que eles adquiriram, cada um em uma área, ao longo desses anos, são funções que tecnologia nenhuma consegue exercer. Costumamos dizer que o gestor, atualmente, é um gestor de problemas e meus sócios fazem isso muito bem! Contar com a experiência deles, não apenas técnica, mas de vida, me faz aprender todos os dias.
Opiniões diferentes, que se complementam – Na gestão da franqueadora, nós trabalhamos em três sócios e pensamos juntos. Eu acho que essa não é apenas uma questão de gerações, mas da sociedade em si. Cada um chega ao negócio com uma cabeça, com ideias e pensamentos diferentes e isso pode dar muito certo se todos estiverem abertos a aceitar opinião, tudo com o objetivo de fazer o negócio dar certo. Hoje, essa junção, principalmente quando é feita por pessoas de diferentes idades, acaba não dando certo, porque uma pessoa acredita que apenas a ideia dela é a correta e isso acaba criando conflitos que levam até mesmo ao fim de sociedades. Quando você entende que o importante é agregar e que precisa haver flexibilidade, as diferentes ideias tornam-se uma grande vantagem para o negócio.
* Sócio-franqueador da Maria Gasolina Express