Consumo de produtos de alto giro cresce na crise

“Enquanto o mercado, em geral, tem sofrido bastante, o setor de varejo de consumo de produtos de massa ainda apresenta crescimento, que se verifica em todas as cestas”

Daniel Souza Asp, gerente de relacionamento com o varejo da Nielsen

Com expectativas positivas de crescimento, 2019 encerrou com aumento de 4,9% em valor e 1,7% em volume nas cestas de produtos de alto giro, segundo levantamento da consultoria Nielsen. As cestas de limpeza e bebidas foram as que registraram as maiores altas. Limpeza cresceu 7,3% em valor e 2,9% em volume, e bebidas, 6,5% em valor e 2,4% em volume. A pesquisa da consultoria envolve um universo de aproximadamente 1,1 milhão de pontos de venda no Brasil (bares, lojas tradicionais, autosserviços, farmácias e perfumarias), com análise de 148 categorias de produtos.



De acordo com Daniel Souza Asp, gerente de relacionamento com o varejo da Nielsen, alguns fatores contribuíram para os resultados positivos, entre eles, saque do FGTS, 13º salário para os beneficiários do Bolsa Família, inflação baixa e sob controle e a taxa de juros no seu menor nível. A chegada da pandemia, entretanto, reverteu as previsões otimistas. Tanto que, ainda segundo levantamento da Nielsen, antes da disseminação da Covid-19, as expectativas de crescimento estavam entre 2,2% e 2,5%. Hoje, espera-se uma queda de 5,9%.

Se, de um lado, a crise derrubou muitos setores da economia, de outro, o segmento de produtos de alto giro continuou crescendo. “Enquanto o mercado, em geral, tem sofrido bastante, o setor de varejo de consumo de produtos de massa ainda apresenta crescimento, que se verifica em todas as cestas”, analisa Asp. Estudo realizado pela consultoria entre janeiro e 10 de maio deste ano, comparado com igual período de 2019 revela que o pequeno varejo ganha importância para o consumo das famílias. Em valor, as vendas no varejo de vizinhança cresceram 7,9%. Outro canal que também se destaca é o farma, que registrou crescimento em valor de 10,3%. O cash & carry também cresceu e isso se explica, segundo Daniel Asp, pelo fato de os consumidores estarem indo menos vezes às compras, porém, comprando mais de cada vez.

Impactos da pandemia

O levantamento que compara o período de janeiro a 10 de maio deste ano com igual período do ano anterior indica a preferência do consumidor por produtos para preparo em casa e de longa duração, perecíveis frescos, congelados e commodities. A cesta de mercearia geral registrou os maiores crescimentos de vendas em vitaminas (56,4%), conservas vegetais (38,6%) e alimentos secos (26,5%). Em perecíveis frescos, o grande destaque foi a categoria de vegetais e saladas, que cresceu nada menos do que 194,3% em vendas, seguida de carnes congeladas (65,0%) e ovos (37,5%). Já na cesta de produtos congelados para armazenamento em casa as maiores altas se deram em vegetais (57,2%), carnes (30,5%) e massas para pizzas congeladas (25,6%). Óleo comestível (alta de 28,1%), arroz (27,6%) e açúcar (21,9%) foram os destaques da cesta de commodities. Esses números revelam, de acordo com Daniel Asp, a preocupação do consumidor em manter sua despensa abastecida em tempos de quarentena.

E, em tempos de pandemia, a cesta de limpeza, como era de se esperar, apresentou categorias com alto crescimento em vendas, como álcool (80,1%), desinfetantes (34,6%) e toalhas de papel (26,1%). Já na cesta de higiene e beleza também se verificam os impactos da Covid-19. A categoria de antisséptico para as mãos cresceu 965,1% em vendas, a de cuidados pessoais e perfumaria, 83,0%, e sabonetes, 16,8%.

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