Tempos de transformação

A palavra de ordem é agilidade. Agilidade sem aumento de custo, sem perda de qualidade. Essa máxima, que está na mente de praticamente todos os empresários, também é o objetivo de atacadistas e distribuidores que se confrontam com uma nova realidade, ditada pelas mudanças provocadas pela pandemia. Hoje, há cada vez mais pedidos com menos itens cada um. O cliente quer a entrega no menor prazo possível. “O setor está passando por uma transformação importante”, comenta o consultor Altamiro Borges, diretor da ABGroup. E como enfrentar essas transformações? Borges dá a receita: “investir em tecnologia”. Investir em novas ferramentas, em soluções que estão chegando ao mercado? O caminho, segundo ele, é aplicar bem o que já existe na empresa. Utilizar todos os recursos que o WMS e o TMS oferecem, tarefa que muitas empresas não executam. “É como comprar um carro com seis marchas e não usar além da terceira”, exemplifica.
Luiz Antônio Rego dos Santos, vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), acrescenta que a não utilização ou uso incorreto dos aplicativos essenciais acarreta não só perda de tempo como de resultados. “Se o depósito não contar com um bom sistema de armazenagem, quando o pedido cai ali, o funcionário vai separar um pedido por vez. Depois, quando da entrega, se não tiver um bom roteirizador, o caminhão vai rodar muito mais que o necessário, porque não pegou o melhor caminho, não usou o melhor horário, não fez a melhor rota. WMS e roteirizador são essenciais para garantir agilidade e produtividade.”
O consultor Anderson Alves, da Prática Logística, ressalta que os processos de separação e expedição de mercadorias são os mais sensíveis, porque eles estão envolvidos com o faturamento da empresa. “Garantir a satisfação do cliente é a ponta final, mas há uma cadeia de processos que, se não for bem executada, compromete essa ponta.” Ter um bom planejamento de recebimento e conferência de mercadorias, gestão de estoque, de produtividade da equipe, de indicadores, trabalhar com dados confiáveis para tomar as melhores decisões são essenciais para uma melhor eficiência do serviço e a satisfação do cliente.

Conectividade
Ter um olhar minucioso sobre as soluções hoje disponíveis no mercado para a movimentação e armazenagem de materiais dentro do centro de distribuição é fundamental para garantir o controle de custos, um dos principais pilares da manutenção da competitividade. A opinião é de Adriana Firmo, vice-presidente de vendas da Lind Still Brasil, uma empresa do Grupo Kion, para quem as soluções vão desde a escolha correta do equipamento de movimentação de carga, que pode ser uma empilhadeira, transpaleteira ou sistema de movimentação e armazenagem automatizados, até os softwares de gerenciamento de armazéns.
Firmo destaca a importância do conceito de conectividade total, que remete a um armazém com uma “intralogistics cloud”, onde todos os equipamentos que ali circulam estão conectados nesta nuvem como, por exemplo, as empilhadeiras que hoje já saem com sistemas de telemetria instalados de fábrica, permitindo um gerenciamento remoto da frota. Essas máquinas, que podem ser tripuladas ou não, estão preparadas para receber as instruções diretamente do software de WMS. Os sistemas de automação, como sorters e transelevadores, também já operam no conceito de conectividade total. As soluções oferecidas pelo Grupo Kion estão integradas no conceito da intralogística. São sistemas de movimentação e armazenagem de materiais que vão desde empilhadeiras e transpaleteiras para movimentação de cargas de 1 tonelada até 18 toneladas, até as soluções provenientes do segmento de automação do grupo, como sorters e transelevadores. “O termo intralogística compreende, por definição, organização, controle, implementação e otimização do fluxo interno de materiais, de informação e movimentação de mercadorias dentro dos limites de um armazém. Ter uma visão crítica e direcionada para estabelecer um projeto de intralogística completo para um armazém, certamente trará, no resultado, agilidade de movimentação de materiais com consequente redução de custos”, afirma Adriana Firmo.

Gestão de entregas
O objetivo final de qualquer empresa é garantir a satisfação do cliente. No caso de atacadistas e distribuidores, isso pressupõe entregar a carga certa, no local correto e no menor prazo possível. No mercado, há diversas soluções para se atingir esses objetivos. Uma delas é o Fusion DMS, lançado pela Fusion Software. Composto por sete módulos totalmente integrados com mais de 30 ERPs do mercado, o software fornece alta precisão, automação, gerenciamento e baixo custo operacional desde o planejamento e roteirização até a jornada de motoristas e ajudantes. Escalonável – ajustável a qualquer dimensão de frota – o sistema permite roteirização, geomonitoramento, Fusion Mobile (aplicativo com funcionalidades online para fortalecer o geomonitoramento e aumentar a produtividade do motorista e do entregador), gestão de canhotos, gestão do SAC dos clientes internos e externos, jornada de trabalho, gestão de produtividade, integração com ERP e integração com rastreador. Segundo a empresa, o software permite redução em até 30% dos custos operacionais.
A Omnitracs do Brasil também atua no segmento, com soluções e softwares de roteirização e monitoramento de entregas. A plataforma Omnitracs One atende às necessidades das empresas de distribuição desde o planejamento de vendedores, seus territórios e frequências de visitas, passando pela roteirização dos veículos de entrega, monitoramento em tempo real, com provas de entrega e notificação aos clientes finais. A plataforma ainda organiza os dados em uma aplicação de Analytics. Segundo Christiano Guimarães, diretor geral da Omnitracs do Brasil, os clientes percebem resultados em suas operações como aumento de produtividade dos vendedores, o que resulta em mais vendas, aumento de produtividade da frota, que implica em menos custos de distribuição, redução de frota necessária, aumento do nível de serviço através do cumprimento de janelas de entregas e preparação para o crescimento pela capacidade de replanejamentos e reprogramações flexíveis. “Com a adoção da plataforma, é possível reduzir os custos em 15% e aumentar as vendas em 5%, dependendo do objetivo estratégico da empresa”, garante Christiano Guimarães.

Armazenagem
O conceito da intralogística está presente, também, nas soluções disponibilizadas pela Bertolini Sistemas de Armazenagem. “A intralogística aplicada pela Bertolini utiliza-se de ferramentas que otimizam os serviços prestados como uma forma de aumentar a competitividade das empresas”, afirma Giuseppe Oliveira Constantino, gerente comercial da Bertolini, acrescentando que o objetivo é melhorar a eficácia nas operações e o alinhamento do fluxo de produção, entre outros resultados alcançados. A intralogística na Bertolini engloba otimização, integração, automação e gerenciamento dos fluxos físicos de fornecimento, produção e distribuição dentro de um Centro de Distribuição. “Ao integrar o processamento de informações com as mais recentes tecnologias e softwares de manuseio de materiais, obtêm-se ganhos de produtividade tanto para sistemas manuais quanto automatizados.”
No sistema logístico, a armazenagem tem como estratégia levar soluções para os problemas de estocagem de materiais, possibilitando a integração entre suprimento, produção, distribuição e os clientes. Há uma integração perfeita entre armazenagem e automação, permitindo que a movimentação do estoque seja feita através de transelevadores, sistemas de picking, LGV e AGV, entre outros sistemas disponíveis na Bertolini como uma solução completa para o setor.

Segurança
Carregar a carga certa, traçar a rota mais inteligente, escolher os melhores horários são operações que contribuem para garantir a satisfação do cliente. Porém, é preciso que a carga chegue em segurança ao seu destino. A Omnilink atua nesse sentido com duas ferramentas, o Omniturbo e Omnidual, que fazem o monitoramento de veículos, gerenciamento de risco e gestão. As duas oferecem alta capacidade de personalização, controle e automação. Outra solução é o Omnisafe, sistema preparado para visualizar, fotografar e gravar em tempo real as imagens capturadas pelas câmeras instaladas nos veículos. As informações ficam gravadas num cartão de memória e podem ser acessadas pelo gestor da frota para monitorar o comportamento dos motoristas e resolver impasses sobre infrações e acidentes durante trajetos. Outro recurso da empresa é o Omnicarga, uma isca eletrônica, pequena, discreta e que não depende de instalação de fios ou cabos para funcionar. Ela é alimentada por uma bateria interna e alocada diretamente na carga a ser transportada, gerando seu posicionamento independentemente da situação do rastreador do veículo. Todas as soluções da empresa são aplicáveis a qualquer frota, de qualquer tamanho e porte.

Mobilidade
Definir as melhores rotas, proteger a carga, veículo e condutor são essenciais para garantir o melhor atendimento. Mas, importante, também, é contar com as mais modernas soluções de mobilidade. Nesse sentido, a Volkswagen Caminhões e Ônibus lançou no mercado o e-Delivery, um caminhão elétrico 100% desenvolvido, testado e fabricado no Brasil. Inteligente e seguro, o veículo é apresentado em dois modelos, com 11 e 14 toneladas de peso bruto total, nas versões 4×2 e 6×2, respectivamente. “É um caminhão eficiente e robusto para atender às mais severas condições da operação urbana, promovendo um transporte com zero emissão de poluentes, baixo nível de ruído, alto desempenho, produtividade, conforto e disponibilidade com baixo custo operacional”, afirma Sérgio Pugliese, diretor de Vendas de Caminhões da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Além do ganho ambiental, da redução de ruídos e conforto do condutor, o e-Delivery tem outras vantagens na comparação com os veículos a diesel, como o ganho no custo de operação. Isso graças ao menor número de paradas para manutenção, economia no consumo de energia, maior durabilidade dos freios, além de manutenção simples. “O motor trabalha com alta eficiência energética e, como não tem peças de desgaste, provê uma notável durabilidade e disponibilidade nas operações”, completa Sérgio Pugliese.
Sendo um produto relativamente novo no mercado, o caminhão elétrico pode gerar certa desconfiança dos consumidores com relação à autonomia da bateria e dificuldades de acesso aos pontos de recarga. Para que essas dúvidas não prosperem, a Volkswagen Caminhões e Ônibus criou uma rede de parceiros para suportar o desenvolvimento do mercado de mobilidade elétrica, chamado de e-Consórcio. Com este modelo de negócio, a empresa proverá desde a montagem do veículo até a infraestrutura de recarga e gerenciamento do ciclo de vida das baterias, o que poderá alavancar o desenvolvimento de uma nova cadeia produtiva. “Com benefícios ambientais, sociais e econômicos, além da geração de emprego e renda.”
O preço do e-Delivery é aproximadamente de 2,5 a 3 vezes maior que o equivalente a diesel, mas, ressalta Sérgio Pugliese, a redução do custo operacional o torna competitivo. Segundo o executivo, o TCO (Total Cost of Ownership, na sigla, em inglês, ou Custo Total de Propriedade, na tradução em português) competitivo aliado aos benefícios indiretos de conforto do motorista e redução das emissões de CO2 justificam o investimento.

Locação
Outra opção que também garante mobilidade é a locação de caminhões. Essa modalidade, que vem ganhando força no Brasil, é uma alternativa de crescimento para renovação de frota para empresas de diferentes portes. A escolha pela locação permite ao empresário aumentar a produtividade com veículos novos, fazendo isso sem aporte de capital, o que mantém forte o caixa para investir em outras áreas da própria empresa.
De acordo com José Geraldo Junior, diretor comercial do Grupo Vamos, líder na locação de caminhões, máquinas e equipamentos, a modalidade traz economia às empresas. “Ao pegar o custo médio da locação de um caminhão por cinco anos, prazo mais comum nos nossos contratos, e compará-lo com o valor de aquisição do veículo e serviços de gestão dia a dia, a escolha pela locação pode representar uma economia para a empresa de até 29%. Isso, considerando benefícios fiscais como dedução no imposto de renda, créditos de PIS e Cofins, benefícios de normas internacionais de contabilidade, que permitem que a parcela seja considerada arrendamento financeiro, garantindo os mesmos ganhos de um processo de aquisição.” Além disso, veículos novos possuem maior disponibilidade, o que permite às empresas realizar o mesmo trabalho com 30% a menos da frota, já que não há a necessidade de veículos reservas. “A locação contribui para um setor mais dinâmico, com menor custo de operação e melhor rentabilidade.”
O executivo acrescenta que, com veículos cada vez mais tecnológicos, uma frota moderna significa maior segurança para o motorista, menor consumo de combustível, com menos partículas lançadas na atmosfera, o que contribui para a melhoria do ar. “Se fosse possível substituir toda a frota nacional por uma semelhante à do Grupo Vamos, reduziríamos em até 95% a emissão de CO2 atual.”
A preocupação ambiental, aliás, está na raiz do programa Vamos Carbono Zero, uma possibilidade oferecida aos clientes do Grupo para que neutralizem 100% das emissões dos gases de efeito estufa poluentes de suas atividades de transporte. A Vamos adotou essa medida há dois anos para as suas emissões dos escopos 1 (aquelas liberadas para a atmosfera como resultado direto de suas operações) e 2 (emissões indiretas, provenientes da energia elétrica adquirida para uso da empresa). Nesse processo de neutralização, os créditos de carbono utilizados são frutos da parceria com a Ciclus Ambiental, obtidos em aterros sanitários, a partir da captura dos gases que provocam o efeito estufa e que depois são processados para a produção de biogás.
José Geraldo Junior afirma que um caminhão extra pesado, rodando 10 mil quilômetros por mês, chega a emitir oito toneladas de CO2 equivalente por mês. “No processo de neutralização, uma tonelada de CO2 consome um crédito de carbono emitido e cada crédito é gerado a partir do tratamento de cinco toneladas de lixo. A escolha da neutralização com crédito de carbono tem, ainda, a vantagem de gerar biogás, um biocombustível de energia renovável, que já é utilizado por caminhões movidos a gás.” José Geraldo Junior ressalta que o programa Vamos Carbono Zero também gera impacto social positivo, contribuindo para a inclusão dos catadores, melhorando sua geração de renda, possibilitando acesso a cursos de educação ambiental na comunidade e cursos profissionalizantes.
Atuando há 25 anos no mercado no segmento de locação de caminhões, o Grupo Vamos conta, ainda, com mais de 40 lojas próprias das marcas Transrio (caminhões), Vamos Fendt (máquinas agrícolas premium), Vamos Valtra (máquinas e equipamentos agrícolas) e Vamos Komatsu (distribuidor de máquinas e equipamentos de linha amarela), além das lojas Vamos Seminovos.

Rapidez
A realidade do setor, evidenciada a partir da pandemia, é a diminuição do tíquete médio dos pedidos, com quantidade de produtos cada vez menor, abrangendo um número maior de pontos de entrega. “O grande desafio das tecnologias de gestão é buscar a personalização da entrega da mercadoria ao cliente”, afirma Anderson Alves.
Altamiro Borges complementa, acrescentando que não adianta nada crescer em agilidade, entregar mais rápido e pagar um frete mais caro. O consultor defende que é preciso adaptar o modelo de negócio às transformações que estão chegando. Uma dessas adaptações, na sua opinião, é a “uberização”, ou seja, “trazer para a distribuição a transformação que o Uber trouxe para a mobilidade urbana. É usar a inovação tecnológica para mudar o jeito de fazer negócio”. Borges acredita que, hoje, o modelo de frota própria aumenta os custos do atacadista. “A empresa tem um caminhão que faz poucas viagens por semana ou passa horas parado. Essas são situações que não podem mais existir. A frota terceirizada traz mais produtividade.”
Quem está mudando o jeito de fazer negócio é Inácio Américo Miranda Junior, presidente do grupo KarneKeijo, do Recife. Com essa mudança, o Deskontão, cash & carry do grupo, consegue fazer as entregas dos pedidos em até quatro horas. O processo de transformação começou no ano passado, durante a pandemia, com o início de funcionamento do e-commerce, que também está integrado a um marketplace. Os pedidos podem ser feitos, ainda, pela central de atendimento, via WhatsApp. Inácio Miranda afirma que não há nenhum segredo em conseguir entregar os pedidos em até quatro horas. “Basta você ter um carro à disposição quando a compra está pronta para ser entregue.” A frota, terceirizada, é composta por motoristas autônomos.
O processo parece simples, mas para garantir essa agilidade alguns sistemas foram implantados na empresa. Quando o pedido do e-commerce chega na loja, um software de gestão automatizada faz toda a operação, controlando a movimentação dos itens e dinamizando o fluxo interno de informação, evitando níveis de ruptura. Em seguida, o pedido vai para o software de roteirização e, finalmente, para o entregador. “O pedido, a separação e a entrega precisam estar integrados. Do contrário, os problemas se multiplicarão”, diz Miranda. O Deskontão tem quatro unidades, que atendem o pequeno varejo e também o consumidor final. Em cada loja, há uma equipe com um líder para fazer a separação. “Tem que ser um pessoal especializado, porque a separação na loja é complexa e o cliente quer receber o produto que escolheu.” A entrega em até quatro horas é feita para pedidos com até quinze itens; acima disso, é feita em até seis horas.
Por enquanto, o e-commerce funciona em apenas uma loja, no bairro de Imbiribeira. Ela é a maior de todas, com mix mais completo e que comercializa em torno de 10 mil itens. A intenção de Inácio Miranda é estender o e-commerce para as outras três lojas quando o volume de pedidos aumentar. Hoje, diz ele, o faturamento do e-commerce ainda é pequeno, de 4% a 5% do total. “O faturamento do comércio eletrônico é pequeno, mas ele gera fidelidade do cliente.”
O KarneKeijo tem também uma distribuidora de alimentos frigorificados que atende o pequeno e o médio varejo. A unidade está montando seu e-commerce. Há, ainda, as unidades de food service e uma especializada na logística de frigorificados.

Agilidade e redução de custos
O ano de 2020 foi marcado por muito trabalho na Distribuidora Disdal, de Brasília. Foi um ano em que a empresa adotou novos processos e eliminou outros, buscando ganhar maior agilidade e reduzir custos. “Investimos muito em inovação”, afirma Clair Ernesto Dalberto, presidente da empresa. Com três centros de distribuição, em Brasília, Goiânia e Rondônia, a Disdal centralizou a montagem e o acerto de carga na matriz. Os pedidos de cada filial caem todos num sistema que direciona para a sede, onde um funcionário monta a carga. A separação, conferência e carregamento da carga continuam a ser feitos nos três centros de distribuição. “A vantagem é que, agora, em vez de três funcionários fazendo a montagem da carga, tenho apenas um. Esse processo melhorou a produtividade e reduziu custos.” Na outra ponta, quando o motorista captura no aplicativo o canhoto de entrega da mercadoria, essa informação é transmitida diretamente para a sede, que faz o acerto, dando baixa na carga. “Eliminamos o processo de o motorista, ao final das entregas, juntar aquele monte de tíquetes, voltar para a empresa e sentar com alguém para fazer o acerto.”
O e-commerce da Disdal, já em funcionamento, está integrado a vários marketplaces, “vitrines do nosso site”. O percentual de faturamento ainda é pequeno. “Mas não dá para ficar sem e-commerce. Temos que acompanhar a evolução.” A Disdal também optou pela frota terceirizada para as entregas, feitas por motoristas autônomos. A terceirização das entregas elimina, de acordo com Clair Dalberto, o custo fixo dos caminhões e a preocupação de fazer novos investimentos quando as vendas aumentam.
Outro processo adotado em 2020 foi o atendimento digital, com a criação da Lu, assistente virtual. Funcionando via WhatsApp, o sistema acoplou diversas funcionalidades como o atendimento de solicitações dos representantes da empresa, expedição de segunda via de boleto, realização do cadastro dos clientes. Pelo atendimento virtual também é possível fazer pedidos de produtos, que são direcionados para o e-commerce.
Outra novidade da empresa foi adotada no RH, com a instalação de um sistema que faz a triagem eletrônica de currículos de candidatos. Quando o currículo chega à empresa, via postagem no site, o sistema verifica quais vagas estão abertas, faz a filtragem de candidatos por vaga, por área de trabalho, por região de atendimento. Até então, todo esse processo era feito manualmente. Funcionários separavam e guardavam em arquivos e pastas currículos que candidatos deixavam na empresa ou enviavam via e-mail. “Acabava virando um bolo de papel e quando precisávamos procurar um candidato, tínhamos que olhar currículo por currículo. Esse sistema trouxe agilidade para a empresa e também para o candidato, que não precisa se deslocar até a empresa, não corre o risco de o currículo se extraviar no meio do processo ou ficar esquecido em alguma gaveta.”
Ainda no RH, a empresa implantou um sistema de telemedicina para atendimento dos colaboradores. O sistema funciona 24 horas por dia através de videoconferência via WhatsApp. “A telemedicina é uma grande inovação que proporciona redução de custos.”
Todas as inovações adotadas no ano passado trouxeram mais do que agilidade e redução de custos para a Disdal. Neste ano, a empresa figura no ranking do GPTW (Great Place to Work, ou Melhores Empresas para Trabalhar, numa tradução livre). O selo é concedido pela empresa global GPTW aos negócios que desejam ser reconhecidos pelo seu ambiente e respeito aos colaboradores. A avaliação é feita pelos próprios funcionários. No Brasil, além da Disdal, há apenas mais uma distribuidora de alimentos certificada.

Brado inicia operações com contêiner de 53 pés

Especializada, desde 2011, em serviços de logística multimodal para deslocamento de cargas no mercado interno e externo, a Brado iniciou os testes operacionais com contêineres de 53 pés, projetados para atender às necessidades do mercado interno com relação às cargas leves e, ao mesmo tempo, volumosas. Esse novo modelo suporta o mesmo peso total de um contêiner de 40 pés, cerca de 27 toneladas. Mas, como sua metragem cúbica é maior, ele é mais indicado para cargas leves e volumosas como produtos de higiene pessoal, materiais de construção como tubos e conexões, bens de consumo e embalagens.
O contêiner de 53 pés é resultado de anos de estudo e desenvolvimento de projeto junto com os fornecedores da empresa. Os dez protótipos hoje existentes foram feitos a partir de contêineres de 40 pés. O novo modelo nasce integrado aos sistemas e recursos com que a Brado já conta: 19 locomotivas, 4,6 mil contêineres e 2,7 mil vagões, além de terminais, armazéns e equipamentos, complementados por parcerias estratégicas. O contêiner de 53 pés pode ser usado em formato Double Stack, modalidade lançada em 2019 e que permite operar com contêineres empilhados em dois níveis em longas distâncias, garantindo um ganho superior a 40% na capacidade de transporte de trens de carga.
“Esses dois produtos nos mostram que chegamos a um novo nível de excelência de atendimento. Melhoramos o transit time, quebramos paradigmas no setor e hoje, com o contêiner de 53 pés, temos capacidade de transportar um volume de carga equivalente ao de caminhões que levam 26, 27 paletes, atendendo com qualidade às necessidades do mercado interno”, afirma Marcelo Saraiva, diretor presidente da Brado.
A empresa utiliza diferentes modais de forma inteligente: rodovia para curtas distâncias e ferrovia para rotas mais longas. Preocupada com a qualidade do atendimento prestado, a Brado tem feito melhorias no portal do cliente, o WeBrado. “Desde 2018, conectamos nossos clientes com as informações da companhia em tempo real; com isso, eles podem ter informações sobre a logística da sua carga, desde a contratação até o gerenciamento do percurso e tempo estimado para chegada no destino, por meio de uma plataforma 100% online e adaptada para interações via mobile e desktop.”

Agenda ESG
A agenda ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance) – critérios ambientais, sociais e de governança usados para avaliar uma empresa – é fundamental para diversos setores, entre eles o logístico. Além de investimentos focados em governança e ações de diversidade e inclusão, muitas empresas estão investindo em logística multimodal visando à redução de emissões de CO2 e redução de custos para diversas pontas do setor. Nesse sentido, a Brado tem trabalhado desde 2019 em um projeto de gestão dos gases de efeito estufa, o Green Log.
De acordo com Marcelo Saraiva, os clientes que acessam o Green Log podem calcular os benefícios que a multimodalidade logística entrega ao planeta. “Além dos valores mensais e totais de gás carbônico evitado, há detalhes como o indicador de emissão ferroviária, que mostra os gramas de CO2 não lançados no meio ambiente para cada unidade de peso transportada e distância percorrida.” Saraiva acrescenta que ao optar pelo transporte ferroviário, só em 2020, os clientes da empresa deixaram de emitir mais de 229 mil toneladas de CO2, equivalentes à emissão anual de quase 50 mil veículos, que necessitariam de mais de 1,6 milhão de árvores para serem absorvidos.
A Brado oferece um leque de serviços especializados e customizados que envolvem diversos produtos e clientes em três segmentos: reefer (com refrigeração para perecíveis), dry (cargas em geral) e isotank (líquidos). Embora o modal predominante no Brasil seja o rodoviário, Marcelo Saraiva se mostra otimista com relação ao futuro: “Se falarmos em extensão, o modal rodoviário se sobressai. Mas a sociedade, o mercado e o governo vêm enxergando cada vez mais valor nos trilhos, pois eles são sustentáveis e muito competitivos nas longas distâncias e se integram perfeitamente a outros modais, rodovia e hidrovia, para dinamizar a movimentação de cargas”.

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