História do comércio atacadista

E tudo começou com os fenícios

vA história do que hoje chamamos de comércio atacadista distribuidor tem origem no passado remoto. E os protagonistas foram os fenícios, povo originado na costa do Mar Mediterrâneo, que viveu seu apogeu entre os séculos X a.C e I a.C. A grande vocação dos fenícios era o comércio marítimo e o primeiro registro que se tem de práticas comerciais é de 3000 a.C. Como não conheciam nenhum sistema monetário, os fenícios realizavam suas transações na base da troca. Esse povo tinha grande habilidade na produção de vidro transparente e no tingimento de tecidos de linho e lã. Fruto do trabalho artesanal, o tecido tingido era um produto muito valorizado, já que o processo de tingimento era lento e difícil.
Para facilitar as suas transações, os fenícios criaram um alfabeto próprio, depois modificado pelos gregos e que acabou dando origem ao atual alfabeto latino. As embarcações utilizadas no transporte de mercadorias eram velozes e fáceis de manobrar. Eram construídas com cedro e dotadas de aríete de proa, quilha estreita e vela retangular. Os habitantes da cidade fenícia de Tiro foram os primeiros a efetuar a volta em torno da África. Isso seis séculos antes do início da era Cristã e vinte séculos antes das viagens de Vasco da Gama. A expedição dos fenícios partiu de um porto localizado no Egito, no Mar Vermelho, e retornou três anos depois. O motivo de tão arriscada travessia era um só: a vontade e necessidade de comercializar com outros povos.
A civilização romana, que talvez tenha sido a mais importante do mundo antigo, existiu por 1200 anos, de 753 a.C até 500 d.C. A população de Roma chegou a ter, em seu auge, entre 1 e 2 milhões de habitantes. A cidade foi o mais importante polo comercial e industrial do mundo antigo. Para manter a economia mercantil, os poderosos exércitos e as cidades urbanizadas e luxuosas, a capital do império romano dependia de outras regiões para seu abastecimento. Além de um grande número de portos, Roma possuía, também, uma rede de estradas, como a famosa Via Apia. Ironicamente, foi a grandeza do império e a incapacidade de administrá-lo corretamente que levou à sua derrocada.
Naquela época, praticamente todo o mundo conhecido estava unido comercialmente pela rota da seda, que ganhou esse nome porque seda era o principal produto comercializado, que partia das províncias que, depois, formariam a China. Essa rota foi fundamental para o desenvolvimento de diversas civilizações, como o Egito, os povos da Mesopotâmia, China, Pérsia, Índia e Roma. A rota terrestre saía da Europa e ia até a China; já a marítima ligava o Egito aos distantes mercados do oriente. Não era um percurso fácil, já que, além da enorme distância, os navios eram assolados por mares revoltos, como o do Cabo da Boa Esperança no extremo sul do continente africano. Por esse motivo, não era uma rota muito utilizada. Um importante instrumento que auxiliava a navegação, a bússola, foi inventado pelos chineses.

Idade Média

O fim do Império Romano marca a transição da Antiguidade para a Idade Média. Alguns historiadores chamam esse período de era obscurantista. Não sem razão. Monarquias dividiam o poder com a Igreja e instauraram um sistema de corrupção que privilegiava os senhores feudais em detrimento da população. As seguidas guerras e doenças, como a peste negra, contribuíram para a sensível diminuição da população. O comércio, que floresceu com força na Antiguidade, passou por uma fase de decadência na Idade Média. As caravanas que transportavam mercadorias eram atacadas por bandoleiros, que se disseminavam pela região. Somente em Gênova e Veneza o comércio de longa distância era praticado, com transporte pelo Mar Mediterrâneo. No resto, a economia limitava-se à agricultura de subsistência.
Foi na chamada Baixa Idade Média, época de decadência feudal e crescimento comercial, que surgiram os burgos. Eles se desenvolveram pelo processo de troca e venda de produtos entre um feudo e outro. Seus habitantes eram chamados de burgueses, que cresciam em poder econômico.
O século XV foi marcado, entre outros fatores, pelo surgimento das grandes navegações, que levaram ao descobrimento de novas terras. Cristóvão Colombo, financiado pela Coroa Espanhola, saiu em expedição na esperança de chegar à China e Índia. Nunca chegou lá, porém, descobriu, sem saber, o Novo Mundo, a América.
Além da Espanha, outra grande potência era Portugal, famosa pela expertise em navegação. As caravelas, construídas para suportar as tormentas de alto-mar e equipadas com os, até então, modernos instrumentos, como a bússola e o astrolábio, elevaram Portugal ao nível de potência mundial e foram fundamentais para o desenvolvimento da mentalidade comercial. Portugal tornou-se um reino rico, com o domínio da rota da Europa para a Índia, com Vasco da Gama, e, depois, em 1500, com Pedro Álvares Cabral chegando ao que hoje é o Brasil. Portugal estabeleceu ainda tratados comerciais com China, Pérsia e Marrocos.

Novos Tempos

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, já na Era Moderna, foi necessário criar um sistema que garantisse a consolidação do poder dos governos centrais, regulação dos setores industrial e comercial e a acumulação de riquezas para o enfrentamento de uma possível nova guerra envolvendo várias nações.
Esse novo conflito, de fato, chegou, motivado, entre outros fatores, pelas políticas de isolamento e protecionismo dos Estados Unidos e também pela forte inflação que dominou a Alemanha após a I Guerra. Esses fatos resultaram numa importante redução dos fluxos comerciais e o recrudescimento do pensamento nacionalista, “pai” do nacional socialismo alemão e da ascensão de Adolf Hitler. A consequência foi a II Guerra Mundial. Ao final do conflito, em 1945, o mundo presenciou um enorme crescimento dos meios de transporte e comunicação, que se contrapunha ao estado de devastação das economias. Surgiu, então, um gigante não abalado pelo conflito: os Estados Unidos, que passaram a reger os fluxos de trocas mundiais. Foram os Estados Unidos que lideraram a formação, ao lado do Reino Unido e outras 42 nações, do Fundo Monetário Internacional (FMI), e do Banco Mundial (BIRD, na sigla, em inglês). As duas instituições foram criadas em 1944, durante a Conferência de Bretton Woods. Em 1947 nasceu o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT, na sigla, em inglês). Esse instrumento teve por objetivo promover o comércio internacional, remover ou reduzir barreiras comerciais, tais como tarifas ou quotas de importação, e eliminação de preferências entre os signatários, visando a obter vantagens mútuas. O GATT continha um conjunto de normas tarifárias destinadas a impulsionar o livre comércio e combater as práticas protecionistas nas relações comerciais internacionais. Vinte e três nações assinaram como membros fundadores, entre elas, o Brasil. A Organização Mundial do Comércio (OMC) é a sucessora do GATT, mantendo em vigor praticamente o texto original do tratado.
A partir daí, a prática do consumo entrou de vez no cotidiano das pessoas. A produção acelerada de produtos em série gerou a necessidade de se criarem canais de distribuição capazes de fazer chegar esses bens aos consumidores de forma rápida, eficaz e segura.

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