Após amargar um ano difícil, com desemprego, queda na renda e prejuízos irreparáveis em grande parte dos setores econômicos, as famílias brasileiras estão mais confiantes e voltam a gastar em 2021. É o que aponta o IPC Maps 2021, levantamento que há quase 30 anos calcula o índice de potencial de consumo nacional. Segundo o estudo, neste ano, os brasileiros deverão movimentar cerca de R$ 5,1 trilhões, o que representa um aumento de 3,7% em relação a 2020, a uma taxa também positiva de 3,17% do PIB.
Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora, que realiza o estudo, e responsável pela pesquisa, o Brasil começa a voltar ao normal. “Ainda estamos longe da normalidade, mas o crescimento esperado para esse ano é satisfatório, já que 2020 foi muito ruim. As perdas registradas no ano passado, em razão do isolamento social imposto como forma de combater a pandemia, vão demorar para ser esquecidas.” Pazzini acrescenta que, aos poucos, os brasileiros tentam voltar à rotina e isso estimulará o consumo. A volta do auxílio emergencial, ainda que em valores inferiores àqueles pagos em 2020, é um dos componentes de incremento do consumo.
A pesquisa revela que em momentos de crise como a vivida no ano passado, mercados já consolidados tendem a reagir com maior facilidade e recuperar-se mais rapidamente do que os menores ou aqueles localizados fora dos grandes centros. Dessa forma, as 27 capitais, após seguidas perdas, deverão conquistar espaço no consumo nacional, respondendo por 29,3% do total de gastos. O Interior também avançará, com 54,9%, enquanto a participação das regiões metropolitanas deverá cair para 15,8%.
Por região, o destaque da pesquisa é a Sul, que, após 13 anos, reassumirá a vice-liderança no ranking de consumo, posição ocupada em 2020 pelo Nordeste. A Região Sul saltou de 17,97% para 18,16%. De acordo com Pazzini, a forte produção local, o agronegócio e a melhor distribuição da sua pirâmide social podem explicar a alavancada da região. O Sudeste segue líder, indo de 48,42% para 49,36% do total de gastos. Em terceiro lugar vem o Nordeste, que caiu de 18,53% para 17,46%; Centro-Oeste, de 8,86% para 8,96% e, finalmente, a Região Norte, que também caiu, de 6,23% para 6,06%.
O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a R$ 2,011 trilhões, ou 39,6% de tudo o que é consumido no País. Os principais mercados municipais são São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Em quinto lugar aparece Salvador, seguido de Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Goiânia e Manaus. Destacam-se, ainda, as cidades de Campinas, Guarulhos, Ribeirão Preto, São Bernardo do Campo e São José dos Campos, no Estado de São Paulo, São Gonçalo e Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, além das capitais Belém, Campo Grande e São Luís.
Empresas
A expectativa da retomada de crescimento da economia reflete-se no incremento de 9,4% no número de empresas instaladas no Brasil, totalizando 22.327.228 unidades. Quase a metade (12,1 milhões) realiza atividades relacionadas a Serviços, seguida pelos setores de Comércio, com 5,9 milhões, Indústrias, com 3,6% milhões, e Agrobusiness, com 720 mil estabelecimentos. A Região Sudeste concentra 51,7% das unidades existentes no País. Em seguida, aparecem as regiões Sul (18%), Nordeste (17,2%), Centro-Oeste (8,2%) e Norte (4,9%).
Na análise quantitativa, as regiões Sul e Sudeste lideram com, respectivamente, 132,31 e 128,76 empresas por mil habitantes. O Centro-Oeste vem em seguida, com 109,55 e, muito aquém da média, as regiões Nordeste, com 66,52, e Norte, com apenas 58,06 empresas por mil habitantes.
Consumo
O Brasil, apesar do elevadíssimo número de mortes provocadas pela Covid-19, possui mais de 213,3 milhões de habitantes. Desse total, 180,9 milhões moram na área urbana, respondendo pelo consumo anual per capita de R$ 26.042,02, contra os R$ 11.245,80 gastos individualmente pela população rural, onde vivem 32,4 milhões de pessoas.
Outro dado apontado pelo levantamento é a redução na quantidade de domicílios das classes C1 e C2. “A migração de domicílios dessas duas classes impactará positivamente o consumo das classes D/E, com uma vantagem de 15,5% sobre os valores de 2020”, explica Pazzini. Já os grupos A, B1 e B2 terão crescimento abaixo da média.
Somadas, as classes B1 e B2, que totalizam 21,3% dos domicílios, lideram o cenário de consumo, assumindo 39,6% do total que será desembolsado pelas famílias brasileiras. Já as classes C1 e C2, que representam 47,9% dos lares, respondem por 37,2% dos gastos. O grupo D/E, que ocupa 28,6% das moradias, consome 10,7% do total. Finalmente, com apenas 2,2% das famílias, a classe A assume 12,5% do que será desembolsado este ano.
O levantamento mostra que, na hora de gastar sua renda, os consumidores desembolsam 25,8% em habitação, que inclui aluguéis, impostos, luz, água e gás. Em seguida, aparecem outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc), 18%; alimentação (dentro e fora do lar), 14,1%; transporte e veículo próprio, 13,1%; medicamentos e saúde, 6,6 %; materiais de construção, 3,7%; educação (incluindo livros e material escolar), 3,4%; vestuário e calçados, 3,43%; recreação, cultura e viagens, 3,3%; higiene pessoal, 3,3%; móveis e artigos do lar, 1,5%; eletroeletrônicos, 1,5%; bebidas, 1,1%; artigos de limpeza, 0,5%; fumo, 0,4%, e joias, bijuterias e armarinhos, 0,2%.
Envelhecimento
A população de idosos continua a crescer no Brasil, chegando a 31,2 milhões de pessoas. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, o número passa de 128,7 milhões, o que representa 60,3% do total de brasileiros, sendo mulheres a maioria. Jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, vêm perdendo presença e somam 24 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que totalizam 29,5 milhões.
Publicado pela IPC Marketing Editora, empresa que utiliza metodologias exclusivas para cálculos de potencial de consumo nacional, o IPC Maps destaca-se como o único estudo que apresenta em números absolutos o detalhamento do potencial de consumo por categorias de produtos para cada um dos 5.570 municípios brasileiros, com base em dados oficiais.